ALTOS E BAIXOS – PROCURANDO O EQUILÍBRIO
Acordei
com o telefone tocando. “De novo!” Havia perdido a hora. O som era irritante. Achei
melhor atender.
Surpresa
boa!!! Era uma amiga de longa data, cuja amizade se solidificou na época de
cursinho. Morávamos juntas, até porque, sempre tive necessidade de pessoas do
meu lado, não suportaria levar uma vida isolada. Logo veio o período de
faculdade e nos separamos.
Mesmo
por telefone, conversamos como nos velhos tempos, animadamente, o incrível é
que o assunto não acabava, acho que era muita saudade. Só lembramos coisas
boas, rimos muito de nós mesmas, também fofocamos um pouco – é claro - e
principalmente houve elogios mútuos.
Depois
que desligamos; ainda muito alegre, pensei: como é bom saber que pessoas pensam
em mim! Sentem necessidade de falar comigo e espontaneamente me elogiam.
Mais
tarde, no trabalho - pensando em tudo que havíamos conversado e o bem que me
fez saber que ela, assim como eu, também estava feliz e bem resolvida - encontrei
outra amiga e ainda eufórica, resolvi comentar o ocorrido, quando ouvi o
seguinte: elogio é sempre uma forma educada e infalível de agradar pessoas, com
as quais reencontramos depois de longo tempo.
Pronto!
“que droga”! Não sei o porquê, sou assim. Sempre depois que me acontece algo
muito bom, logo em seguida procuro uma maneira de encontrar algo pra me
atormentar. Bastou apenas um pequeno comentário infeliz, para despertar em mim
algo que deveria continuar adormecido: “autoestima”, pois se bem me conheço “essa
danada” é incapaz de surgir elevada, faz questão de vir baixíssima. E assim
aconteceu...
Parei
tudo e pensando se era ou não sincero os elogios que havia recebido, comecei a
conversar comigo mesma, faço isso sempre, acho que muita gente também faz. Estou
enganada?
Aí
pronto, já fiquei cheia de “grilos”, a ponto de me questionar: será que mereço
mesmo todos aqueles elogios? Afinal não me considero uma pessoa interessante;
reconheço que tenho manias; defeitos e fico muitas vezes de mau humor, sem sequer
ter um motivo aparente.
Nesse
momento a única certeza era que tudo que havia dito pra minha amiga, pelo
telefone, era verdadeiro e sincero.
Ah!
só pensar assim não bastou para acabar com todos os meus grilos. Aquele
“problema de autoestima” continuava em queda. Tentando me acalmar, pensei que minha
amiga não me ligaria se não sentisse saudade, se não me admirasse, se não
sentisse falta de nossas conversas. Sei que é hilário, mas realmente se mesmo
com essa “falta de autoestima”, consigo me sentir assim, toda convencida, “me
achando”, acho que estou mais pra “doida” do que pra “depressiva”.
Ainda
sem conseguir me controlar – comecei viajar em pensamento - tentei descobrir se
havia algum predicado que me tornasse pelo menos uma pessoa “interessante”,
como se essa fosse a maneira mais eficaz de “driblar” minha “autoestima
deficiente”, que de tão baixa, já a considerava uma sombra.
Para
não me desestruturar, tentei pensar só em “coisas boas”, assim tentei localizar
o “lado amigo” de minha mente, apesar de saber como é difícil “filtrar” o que
queremos ou não pensar.
Como
um turbilhão minhas ideias se misturavam, pude me sentir de todos os ângulos.
Inicialmente me vi: como uma mulher madura; profissional dedicada; sem
preconceitos, que acredita no amor; defensora da liberdade e da vontade de cada
um; que abomina traição; detesta mentira; observadora. Logo em seguida me vi
insegura; que procura realização; introspectiva; fechada; com pouca autoestima;
tímida; frágil; carente; que sente ciúmes; conversa sozinha, fala palavrão. Mas
sem me esquecer, o quanto amo as pessoas que estão ao meu redor, me entrego às
amizades e principalmente amo a vida.
Quando
passamos por altos e baixos, o que mais nos assusta é a incerteza, é não saber
se seremos capazes de nos superarmos, a cada desafio.
Ainda
em meus devaneios, acho que tentando ser menos rigorosa comigo, pensei: procuro
sempre ser útil para com as pessoas que estão a minha volta, ser “amiga das
amigas”, procuro fazer o bem e estar de bem com minha consciência, muitas vezes
cometo erros, deslizes, enganos e por isso costumo sofrer muito. O que me
conforta é lembrar que sou humana.
Tem
aqueles dias que nada parece estar bom, nos sentimos gorda, feia, nada
atraente, frágil, carente, enfim nos sentimos “um nada”. São nesses dias que
precisamos de mais atenção, carinho, amor, cuidado, colo.
Na
verdade, precisamos mesmo, de “muito mais do que as pessoas nos dão”. Lembro-me
de ter lido alguma coisa mais ou menos assim: “Não devemos depender de ninguém
para ser feliz”. Incomodou-me muito imaginar que só podemos contar com nós mesmos.
Em minha opinião, esse é o
pensamento mais egoísta que já li. Sinceramente,.... dentro de minhas
convicções sei que para manter minha autoestima elevada ou pelo menos tentar
mantê-la em “níveis aceitáveis”, preciso mesmo dos amigos, do carinho das
pessoas que amo, de elogios, enfim de muito amor. Vou procurar fazer “Ioga”, meditar muito e
tentar encontrar o “equilíbrio”, porque não quero “aprender a ser só”.
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