“Olha,
você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei pra mim”
“A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto
mesmo assim...”
“Vem,
seguir comigo o meu caminho. E viver a vida só de amor”
Passei
a adolescência “ouvindo e curtindo muito” essa música. Sonhadora, imaginava ter um
namorado lindo, perfeito, que tivesse tudo que uma mulher poderia desejar e
para completar... se ainda tivesse “a cabeça cheia de problemas” – nem posso
imaginar que problema teria um garoto naquela época - seria o máximo.
Achava
romântico. Pensava que se encontrasse um cara com essas características, seria
a namorada “tipo”... insubstituível; seriamos eternamente dois apaixonados. Acreditava
que o amor seria mais forte que tudo. Talvez ainda acredite...
A
juventude chegou e com ela, paqueras, namoros e tudo que tínhamos direito numa
época, em que dentro dos princípios conservadores, tudo era permitido, ou seja,
“nada”, se pensarmos em relação ao que os jovens de hoje se permitem.
Enfim,
o tempo passou, não encontrei uma pessoa pra “seguir comigo o meu caminho”.
Praticamente esqueci essa música, até porque, não se tornou “trilha sonora” de
nenhum dos meus relacionamentos. Só pra constar, lembro-me de cada música, que
adotávamos, em cada namoro.
Depois
de tantos anos, fazendo um balanço do que tem sido minha vida, sem mais nem
menos, lembrei aquela música, o que me fez voltar ao passado. Em pensamento cheguei
até minha adolescência, lembrando nitidamente do meu sonho em relação à música (“Olha”
– Roberto Carlos). Então constatei que no decorrer da vida havia vivido aquele
sonho antigo, sem nem mesmo ter me dado conta.
Ao
passar por novas experiências, conheci pessoas interessantes, com as quais me
relacionei, mas uma delas se tornou especial, a partir do momento que começou
me proporcionar a oportunidade de “ter todas as coisas que um dia eu sonhei pra
mim”. Mas a “lei da atração” é implacável; com o tempo, para que o sonho fosse
completo, também conheci o outro lado dessa pessoa... “a cabeça cheia de
problemas”.
Levando-se
em conta a letra da música, os relacionamentos são sempre românticos, lindos e
apaixonantes. Toda mulher sentiria realizada com um companheiro para “viver a
vida só de amor”. Seria perfeito. Mas quando se fala, em “uma cabeça cheia de
problemas”, é impossível dizer “eu não me importo, eu gosto mesmo assim”, pois
acaba o romantismo. Penso que mesmo com muito amor é difícil para qualquer
pessoa continuar numa relação assim, tão problemática. Já pra mim, confesso, não
tenho estrutura para suportar. Mas, apesar de tudo..., continuo achando a
música linda.
Mesmo
“levantado à bandeira” que em matéria de amor, não se deve pensar com o
“coração”, mas sim com a “razão”, tenho consciência que após o término de um relacionamento
- independente de todos os problemas - que entendemos sem futuro e que já se
estendeu por tempo longo demais é impossível sentir-se segura em relação a
eventuais “recaídas”.
Por
isso, mesmo depois de terminar esse relacionamento; que por um lado, pode até ter
sido o mais feliz de uma vida; por outro... existiram controvérsias..., por
mais estranho que possa parecer; constatei que aquele sonho realmente foi
vivido, mas acabou; trazendo de volta a sensação de leveza, descontração,
liberdade, alívio e o poder que a autoestima elevada pode proporcionar.
Mas,
apesar de todos esses sentimentos devolvidos, nenhuma certeza do que poderá
acontecer amanhã..., pois como um vício: sei o mal que fez, mas também o prazer
que proporcionou.
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